O esculpir da mulher brasileira

violência, submissão e resistência

Autores

  • Ana Elisa Spaolonzi Queiroz Assis Faculdade de Direito do Sul de Minas, Pouso Alegre, MG, Brasil
  • Rodrigo Pereira de Figueiredo Faculdade de Direito do Sul de Minas, Pouso Alegre, MG, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.48159/revistadoidcc.v5n1.assis.figueiredo

Palavras-chave:

História da Mulher no Brasil, Violência, Submissão, Resistência, Cultura Patriarcal

Resumo

Este artigo aborda os processos de socialização das mulheres que habitavam o Brasil até o início do constitucionalismo republicano, à vista da relevância que têm para a história da (in)subordinação feminina. A partir das estruturas e dos órgãos sociais que ditavam o modelo de vida social nos primeiros séculos vividos em terras brasileiras que se questiona a aparente passividade feminina frente a violência institucionalizada sofrida pelo gênero. Embora a maioria dos relatos descrevam a mulher como hipossuficiente, essa subordinação institucionalizada por diversos órgãos sociais não ocorreu de forma pacífica e amena: sempre houve relutância feminina, inclusive no Brasil. Seguindo o raciocínio e em sintonia com a diversidade cultural e racial que modelou a sociedade brasileira, por uma revisão de literatura, este artigo vincula história, sociologia e estudo jurídico para dar compreensão no tempo e no espaço dos papeis sociais e os direitos conferidos à mulher no Brasil desde o período colonial, demostrando como as organizações sociais modelaram a imagem das mulheres e como foram os processos de insurreição por elas militados a fim de afastar a superioridade masculina. Evidenciou-se que, tanto no Brasil Colônia quanto no Brasil Império, a cultura patriarcal foi sedimentada como resultado de longos períodos de não-socialização e de socialização restrita da mulher. Hodiernamente ainda se identificam imagens de mulheres subordinadas como resultados históricos desses processos. O artigo contesta a penumbra de consciência de gênero quase apagada na história do Brasil pelo resplendor simbólico e político do poder masculino, demonstrando merecer evidência vultosa.

Biografia do Autor

Ana Elisa Spaolonzi Queiroz Assis, Faculdade de Direito do Sul de Minas, Pouso Alegre, MG, Brasil

Doutora em Educação pela FE/UNICAMP, Professora da Faculdade de Direito do Sul de Minas (FDSM) e da Faculdade de Educação da UNICAMP, Líder do Laboratório de Pesquisa de Políticas Públicas e Direitos Fundamentais (LabDirF) e Vice-líder do Laboratório de Políticas Públicas e Planejamento Educacional (LaPPlanE). 

Lattes ID: http://lattes.cnpq.br/9527743086394186

Orcid ID: https://orcid.org/0000-0003-3759-4845

Rodrigo Pereira de Figueiredo, Faculdade de Direito do Sul de Minas, Pouso Alegre, MG, Brasil

Mestrando em Direito pela FDSM, membro do  Laboratório de Pesquisa de Políticas Públicas e Direitos Fundamentais (LabDirF). 

Lattes ID: http://lattes.cnpq.br/3318169921196814

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Publicado

2020-09-01

Como Citar

Assis, A. E. S. Q. ., & Figueiredo, R. P. de . (2020). O esculpir da mulher brasileira: violência, submissão e resistência. Revista Do Instituto De Direito Constitucional E Cidadania, 5(1), 204-218. https://doi.org/10.48159/revistadoidcc.v5n1.assis.figueiredo