Tudo me é (i)lícito, mas nem tudo me convém

a supremocracia na autodefesa institucional

Autores

  • Tiago de Sousa Moraes Faculdade Morgana Potrich, Mineiros, GO, Brasil
  • Caroline Müller Bitencourt Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do Sul, RS, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.48159/revistadoidcc.v9n1.e106

Palavras-chave:

Supremocracia, Autodefesa institucional, Atos antidemocráticos

Resumo

Supremocracia é entendida, com base na proposta de Oscar Vilhena Viera, como o modelo institucional peculiar adotado pelo Brasil, por meio da Constituição Federal de 1988, que ambiciosamente concedeu diversas funções ao Supremo Tribunal Federal, como as de Tribunal Constitucional, de órgão de cúpula do Poder Judiciário e de foro especializado. No Brasil esse fenômeno tem sido amplamente debatido em face do contexto do Inquérito dos atos antidemocráticos e seus desdobramentos, observando-se no STF decisões para sua própria autodefesa institucional. Nesse sentido, busca-se na pesquisa investigar: É possível compreender um novo aspecto da Supremocracia a partir da atuação do STF no combate aos atos antidemocráticos? Para tanto, utiliza-se a abordagem qualitativa e o procedimento bibliográfico, a partir de documentação direta e indireta, mediante os métodos dedutivo e analítico-descritivo. Como resultados parciais, registrou-se uma série de decisões da Supremocracia que, direta ou indiretamente, utilizam mecanismos discutíveis do ponto de vista constitucional para sua autodefesa no arranjo democrático.

Biografia do Autor

Tiago de Sousa Moraes, Faculdade Morgana Potrich, Mineiros, GO, Brasil

Mestre em Direito pelo Programa da Pós-Graduação em Direito - Mestrado e Doutorado da Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC, Área de Concentração em Direitos Sociais e Políticas Públicas, na Linha de Pesquisa Constitucionalismo Contemporâneo, com bolsa PROSUC/CAPES modalidade I (2021-2023), Professor do curso de Direito na Faculdade Morgana Potrich - FAMP - Mineiros-GO. E-mail: tiagomoraes.advoabce@gmail.com.

Caroline Müller Bitencourt, Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do Sul, RS, Brasil

Estágio Pós Doutoral pela PUC Paraná. Doutora e Mestre em Direito. Especialista em Direito Público. Atualmente é professora permanente do PPGD em Direito-Mestrado e Doutorado-UNISC, onde ministra a Controle Social e Administrativo de Políticas Públicas. Professora da graduação e pós-graduação lato sensu da Universidade de Santa Cruz do Sul, e coordenadora de curso de especialização em direito constitucional e administrativo. E-mail: carolinemb@unisc.br.

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Publicado

2025-02-18

Como Citar

Moraes, T. de S. ., & Bitencourt, C. M. . (2025). Tudo me é (i)lícito, mas nem tudo me convém: a supremocracia na autodefesa institucional. Revista Do Instituto De Direito Constitucional E Cidadania, 9(1), e106. https://doi.org/10.48159/revistadoidcc.v9n1.e106