O esculpir da mulher brasileira
violência, submissão e resistência
DOI:
https://doi.org/10.48159/revistadoidcc.v5n1.assis.figueiredoPalavras-chave:
História da Mulher no Brasil, Violência, Submissão, Resistência, Cultura PatriarcalResumo
Este artigo aborda os processos de socialização das mulheres que habitavam o Brasil até o início do constitucionalismo republicano, à vista da relevância que têm para a história da (in)subordinação feminina. A partir das estruturas e dos órgãos sociais que ditavam o modelo de vida social nos primeiros séculos vividos em terras brasileiras que se questiona a aparente passividade feminina frente a violência institucionalizada sofrida pelo gênero. Embora a maioria dos relatos descrevam a mulher como hipossuficiente, essa subordinação institucionalizada por diversos órgãos sociais não ocorreu de forma pacífica e amena: sempre houve relutância feminina, inclusive no Brasil. Seguindo o raciocínio e em sintonia com a diversidade cultural e racial que modelou a sociedade brasileira, por uma revisão de literatura, este artigo vincula história, sociologia e estudo jurídico para dar compreensão no tempo e no espaço dos papeis sociais e os direitos conferidos à mulher no Brasil desde o período colonial, demostrando como as organizações sociais modelaram a imagem das mulheres e como foram os processos de insurreição por elas militados a fim de afastar a superioridade masculina. Evidenciou-se que, tanto no Brasil Colônia quanto no Brasil Império, a cultura patriarcal foi sedimentada como resultado de longos períodos de não-socialização e de socialização restrita da mulher. Hodiernamente ainda se identificam imagens de mulheres subordinadas como resultados históricos desses processos. O artigo contesta a penumbra de consciência de gênero quase apagada na história do Brasil pelo resplendor simbólico e político do poder masculino, demonstrando merecer evidência vultosa.
Referências
BASEGGIO, Júlia Knapp; SILVA, Lisa Fernanda Meyer da. As condições femininas no Brasil Colonial. Revista Maiêutica. Indaial, v. 3, n. 1, p. 19-30, 2015.
BÍBLIA Sagrada. Português. Bíblia Sagrada Online. Gênesis 2. Disponível em: <https://www.bibliaon.com/genesis_2/>. Acesso em: 25 jan. 2020.
CALADO, Luciana Eleonora de Freitas. A cidade das damas: a construção da memória feminina no imaginário utópico de Christine de Pizán. 2006. 368f. Tese (Doutorado em Literatura). Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2006.
CASTRO, Wellington Clair. Tortura e violência doméstica: uma análise da abrangência das condutas qualificadas como tortura à luz da dignidade da pessoa humana. 2019. 263f. Tese (Doutorado em Direito). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2019.
D’INCAO, Maria Ângela. Mulheres nas Minas Gerais. In. DEL PRIORE, Mary (Org.). História das mulheres no Brasil. Coordenação de textos Carla Bassanesi. São Paulo: Contexto, 1997.
DYMETMAN, Annie. Sociologia para não sociólogos. São Paulo: Universidade São Judas Tadeu, 2007.
FREYRE, Gilberto. Casa-grande e Senzala. 52.ed. (Edição Comemorativa 80 anos). São Paulo: Saraiva, 2013.
FIGUEIREDO, Luciano. Mulheres nas Minas Gerais. In. DEL PRIORE, Mary (Org.). História das mulheres no Brasil. Coordenação de textos de Carla Bassanesi. São Paulo: Contexto, 1997.
KONKEL, Eliane Nilsen; CARDOSO, Maria Angélica; HOFF, Sandino. A condição social e educacional das mulheres no Brasil Colonial e Imperial. Roteiro UNOESC. Joaçaba, v. 30, n. 1, p. 35-60, jan./jun. 2005.
LEMOS, Anderson et al. Viradouro de alma lavada. Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: https://www.letras.mus.br/unidos-do-viradouro-rj/samba-enredo-2020-viradouro-de-alma-lavada/. Acesso em: 26 mar. 2020.
LOURO, Guacira Lopes. Mulheres nas Minas Gerais. In. DEL PRIORE, Mary (Org.). História das mulheres no Brasil. Coordenação de textos Carla Bassanesi. São Paulo: Contexto, 1997.
MELLO, Adriana Ramos de. Feminicídio: uma análise sócio jurídica da violência contra a mulher no Brasil. 2.ed. Rio de Janeiro: Gz, 2017.
OLIVEIRA, Ana Carla Menezes de. A evolução da mulher no brasil do período da Colônia a República. XI Seminário Internacional Fazendo Gênero. Florianópolis, 2017, I, p. 3. Disponível em: http://www.en.wwc2017.eventos.dype.com.br/resources/anais/1494945352_ARQUIVO_Artigocompleto-13MundodasMulhereseFazendoCidadania11.pdf. Acesso em: 11 fev. 2020.
PADILHA, Eliseu Lemos (Coord.). Nisia Floresta: uma mulher à frente do seu tempo. Direitos das mulheres e injustiças dos homens. Fundação Ulysses Guimarães. Disponível em: https://www.fundacaoulysses.org.br/wp-content/uploads/2016/11/Nisia-Floresta-Completo.pdf. Acesso em: 23 maio, 2020.
PIOVESAN, Flávia. Igualdade de gênero na Constituição Federal: os direitos civis e políticos das mulheres no Brasil. Constituição de 1988: O Brasil 20 Anos Depois. Os Alicerces da Redemocratização. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/outras-publicacoes/volume-i-constituicao-de-1988/principios-e-direitos-fundamentais-igualdade-de-genero-na-constituicao-federal-os-direitos-civis-e-politicos-das-mulheres-do-brasil. Acesso em: 21 abr. 2020.
PORTILHO, Gabriela. Teoria da Conspiração: Lilith, a primeira mulher de Adão. Superinteressante. 2015. Disponível em: <https://super.abril.com.br/mundo-estranho/teoria-da-conspiracao-lilith-a-primeira-mulher-de-adao/>. Acesso em: 25 jan 2020.
PORTUGAL. Ordenações Afonsinas. Livro V, Título XVII: Dos Que Cometem Peccado De Sodomia.(Cont.). Título XVIII: Do Que Matou Fua Molher Polla Achar Em Adulterio. Disponível em: http://www.ci.uc.pt/ihti/proj/afonsinas/l5pg54.htm. Acesso em: 23 abr. 2020.
PRIORE, Mary del. Histórias íntimas. Sexualidade e erotismo na história do Brasil. São Paulo: Planeta do Brasil, 2011.
RAGO, Luzia Margareth. Da insubmissão feminista na atualidade com Margareth Rago. Instituto Cpfl. Café filosófico. 29 jun. 2016. Disponível em: https://www.institutocpfl.org.br/2016/06/29/da-insubmissao-feminista-na-atualidade-com-margareth-rago-versao-completa/. Acesso em: 23 maio 2020.
SÁ, Ana Paula Suitsu de. A questão da igualdade de gênero nas constituições brasileiras
Ambito Jurídico. 01 nov. 2017. Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/a-questao-da-igualdade-de-genero-nas-constituicoes-brasileiras/. Acesso em: 22 abr. 2020.
SANCHES, Nanci Patrícia Lima. Fora do tom, fora da ordem: vadios, mulheres e escravos no império do Brasil. Caderno Espaço Feminino. Uberlândia, v. 17, n. 1, p. 79-107, jan./jul. 2007.
SANTIAGO, Rosilene Almeida; COELHO, Maria Thereza Ávila Dantas. A violência contra a mulher: antecedentes históricos. Seminário Estudantil de Produção Acadêmica – UNIFACS. Salvador, v. 11, n. 1, 2007. Disponível em: https://revistas.unifacs.br/index.php/sepa/article/view/313/261. Acesso em: 4 mar. 2020.
SCOTT, Joan W. Os usos e abusos do gênero. Tradução Ana Carolina E. C. Soares. Projeto história. São Paulo, n. 45, p. 327-351, dez. 2012.
SICUTERI, Roberto. Lilith: A Lua Negra. Paz e Terra: Rio de Janeiro, 1998. E-book. Disponível em: http://recantobrianna.com.br/wp-content/uploads/2015/09/Lilith_A_Lua_Negra.pdf. Acesso em: 24 mar. 2020.
SILVA, Maria Aparecida Morais. De Colona a Boia Fria. In. DEL PRIORE, Mary (Org.). História das mulheres no Brasil. Coordenação de textos Carla Bassanesi. São Paulo: Contexto, 1997.
SOARES, Cecília Moreira. A mulher negra na Bahia no século XIX. 1994. 133f. Dissertação (Mestrado em História). Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia. Salvador, 1994.
VAINFAS, Ronaldo. Trópico dos pecados: moral, sexualidade e inquisição no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Ana Elisa Spaolonzi Queiroz Assis, Rodrigo Pereira de Figueiredo
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Você tem o direito de:
Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato
Adaptar — remixar, transformar, e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercial.
O licenciante não pode revogar estes direitos desde que você respeite os termos da licença.
De acordo com os termos seguintes:
Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso.
Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.